QUADRO ECONÔMICO DIFÍCIL AFASTA POPULAÇÃO DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO

O segundo dia de debates do 20º Congresso da Anapar começou, na manhã desta sexta-feira (24), com um diagnóstico preocupante sobre o sistema previdenciário brasileiro. Classificado como desnutrido e adoecido, o setor reflete a dificuldade econômica que a população brasileira vem enfrentando. Mais de 60 milhões de brasileiros não estão aposentados, não contribuem para o INSS nem juntam dinheiro para a aposentadoria.

O presidente da Anapar, Antonio Braulio de Carvalho, apresentou os dados da Pesquisa Anapar Finanças Pessoais e Previdência Brasil 2018 e correlacionou as informações sobre o comportamento dos brasileiros com seus reflexos sobre o setor de previdência. Braulio apontou o alto grau de informalidade com um fator determinante para a “subnutrição” previdenciária. “O sistema está se alimentando de uma fatia cada vez menor da população. 52% dos trabalhadores estão na informalidade”, afirmou o presidente da Anapar.

A equação do desalento previdenciário

Braulio também mostrou que 75% dos brasileiros estão endividados, 63% afirmam ter renda mensal insuficiente e demonstram falta de perspectiva quanto à aposentadoria.

Por outro lado, as empresas e cidadãos demonstram desinteresse pelos produtos previdenciários. As empresas precarizam vínculos trabalhistas, e por conseguinte as contribuições ao INSS ou a planos de previdência complementar. Por sua vez, 41% da população ou 61,5 milhões de brasileiros não estão aposentados, não contribuem para o INSS, nem juntam dinheiro para aposentadoria. Eles são os chamados “nem nem previdenciários”

Com renda insuficiente, falta de perspectiva, alto grau de informalidade e elevado endividamento, forma-se um quadro de inevitável desalento previdenciário. As pessoas não juntam para aposentadoria nem pretendem.

Gestores e governo também com sintomas

O presidente da Anapar comentou que o sistema está engessado, imobilizado, e seguindo uma tendência que prejudica os participantes. “Com os dirigentes sem a menor disposição de correr risco, presos a investimentos de renda fixa, quem sai prejudicado são os trabalhadores que terão sua aposentadoria comprometida”, afirmou Braulio.

Os gestores dos fundos de pensão também padecem de uma espécie de síndrome da perseguição, como demonstrou o presidente da Anapar. “Os dirigentes das fundações se sentem amedrontados pelo poder de polícia do Estado, pela criminalização dos investimentos”, destacou. Com isso, todo risco – característica inerente aos investimentos – passa a ser mal visto e suscita questionamentos. O Estado, por sua vez, embora adote o discurso da governança e das boas práticas, com uma postura policialesca, induz os fundos de pensão à acomodação de recursos em investimentos de baixo risco e baixa rentabilidade, o que só contribui para um quadro generalizado de deficit. (Anapar)